Herbologia 1 Aula

Primeiro dia de aula. Você, tanto quanto eu, deve saber que é um dia mais que estressante e, por vezes, entediante. Contudo, não reclamo disto. Afinal, este era o primeiro dia em que não teria que acordar com os gritos estridentes da minha desprezível mãe. E, além do mais, o horário de aulas parecia sorrir para mim. Minha primeira aula era Herbologia. Poderia haver matéria melhor para um início de ano letivo?



Meu corpo já dava os primeiros sinais de uma hipotermia. Embora meus pelos formassem em meu corpo um cobertor natural o frio era insuportável. Eu estava sozinho - ou pelo menos pensara estar -. A nevasca, unida à escuridão da colina, inutilizava a minha visão. À minha frente, um vulto indiscernível movia-se em minha direção. Era meu fim. O frio insuportável, um vulto desconhecido, meu "eu" animago que parecia involuntário aos meus comandos. Esta era a minha sentença de morte. Isto - é claro - se tudo não passasse de um sonho. . .


Era manhã. O alvoroço no dormitório da Sonserina me fizera acordar. Era hoje, o tão esperado dia. O início do ano levito. Apesar do meu humor nunca chegar ao nível razoável, eu parecia levemente animado. Havia me preparado bem durante todo o verão, e agora tudo seria posto em prática. Tratei, imediatamente, de vestir-me com o uniforme escolar. Vestes comuns de Hogwarts, nas cores, verde e prata, que identificavam os estudantes da Sonserina. Depois de vestido tomei em minhas mãos um pedaço de pergaminho, jogado sobre a minha cama. Nele, estavam determinadas todas as minhas aulas. E para a minha surpresa a primeira aula seria de Herbologia.

Deixei o dormitório, passando pela Sala Comunal da Sonserina. Neste exato momento, garotos lançavam pergaminhos à lareira. Talvez sentissem prazer em vê-los queimar. Eu revirei meus olhos, em estado de reprovação, e continuei meu caminho. Entre as úmidas paredes dos corredores das masmorras eu me senti como se mergulhasse em um de meus devaneios. Contudo, eu precisava me controlar. Respirei fundo e voltei a andar, agora a passos longos e rápidos.

Finalmente chegara ao térreo. Não havia muito tempo para um café da manhã demorado, então me servi de ovos e bacon, acompanhados de um copo de suco de abóboras. Tão rapidamente terminei minha refeição, voltei a andar pelo castelo em direção às Estufas. O sol, que agora começava a surgir por trás das formações montanhosas, banhava a grama verde e alta dos terrenos de Hogwarts. Não demorou muito até que eu me visse olhando para as estufas, tentando descobrir em qual delas aconteceria nossa aula. Por sorte, vi uma lufana se aproximar, adentrando uma das estufas. Eu a segui e fiz o mesmo. O lugar estava abarrotado de alunos. Sentei-me em um banco e passei a observar o lugar.

Sobre as prateleiras, os mais variados tipos de plantas. Vegetais verdes, multicoloridos, negros, largos, altos, baixos, estáticos, inquietos. Enfim, uma infinidade deles. Herbologia encantava-me desde que decidi aprender sobre poções. Isto porque é necessário conhecer bem seus ingredientes, para então dominar mais facilmente a arte das poções. Assim, acabei por conhecer e me apaixonar pelas plantas.

Era a hora da aula. Pelos vidros um tanto cobertos de musgo pude ver um vulto que se movia rapidamente pelos jardins. Decerto tratava-se da professora. E assim foi. A professora adentrou a estufa, desejou-nos um bom dia e pôs-se a anotar informações no quadro. No mesmo, lia-se sobre a anatomia das plantas desérticas. Retirei da mochila um pequeno pergaminho, seguido de tinta e uma pena. Depois, comecei a copiar o que anotava a professora. amaciar

- Bom dia, alunos. Sou a Professora Palmer e estudaremos juntos a Herbologia. Vocês apreenderão nesta aula sobre as plantas do Deserto. Lindas espécies. Possuem muita força para sobreviver sem água, durante muito tempo. Vocês terão que apreender a estrutura de uma planta do Deserto. Elas são... - Disse, apontando para o quadro. - O Termostander. Este se trata de uma parte baixa das plantas que se localiza, como os trouxas chamam de raiz. Ela é responsável por manter a temperatura da planta, que não pode exceder á 40 graus. - Apontando agora para o centro do quadro, disse. - Caustro. A estrutura do caule, comanda os movimentos (quando tem). E por fim, as Falhuas. São as folhas, e flores da planta. Sentem o cheiro e o toque. - A mulher pigarreou e prosseguiu com sua aula. - Agora que vocês já apreenderão sobre a estrutura de uma planta, vou dar o exemplo de uma. Hidran é uma planta nativa do Deserto, que pode agüentar até 40 dias sem nem uma água. Ela é muito verde viscosa, com flores vermelhas fortes.

A professora Palmer encerrara sua explicação. Agora, no quadro, havia instruções sobre a extração de folhas de uma Hidran, além de um exercício de fixação. Eu, inicialmente, preparei-me jogando minha mochila para debaixo da mesa.

Sobre a estante próxima à professora Palmer via-se um punhado luvas de couro protetoras. Eu aproximei-me e vesti um par do couro marrom e um tanto envelhecido. Em seguida, retornei à mesa. Atrás de cada aluno, sobre as prateleiras, havia uma Hidran. De imediato, todos tomaram os vasos em suas mãos, postando-os sobre a enorme mesa. As Hidrans, a primeira vista, pareceram-me plantas sem movimento. O que facilitaria muito a extração de folhas. Contudo, pude notar, em seu Caustro, pequenos espinhos. Provavelmente os mesmos não empreendiam veneno, tendo em vista que em "Guia Prático de Herbologia", o qual eu estudara durante as férias, não noticiavam nada sobre eles e, além do mais, Palmer não avisara-nos sobre veneno.

Prosseguindo com o exercício, tratei de iniciar a colheita. Retirei com cuidado, evitando contado com os espinhos, uma das folhas próximas à uma das suas flores, que pareciam iluminar a estufa com seu vermelho vivo. Minha primeira colheita fora bem sucedida. Quase se podia ver em meu rosto uma expressão de felicidade. Coloquei a folha dentro de uma pequena tigela. Onde eu, futuramente, faria a extração da seiva. Continuei a retirada de folhas. Desta vez eu escolhi uma folha mais próxima do Termostander. Com extremo cuidado eu puxei a folha. Os espinhos da Hidran, por vezes, tocavam-me. Porém, seus espinhos não conseguiam penetrar as luvas protetoras. A folha finalmente cedera. Eu coloquei-a sobre a tigela e passei a retirar a terceira e última folha. Esta se encontrava no centro do Caustro. Com o mesmo cuidado utilizado nas outras vezes, eu comecei a puxar a folha. Rapidamente a mesma cedera e eu finalmente obtive a última folha de que necessitava.

Afastei a Hidran para o centro da mesa, trazendo a tigela para mais perto de mim. Em seguida, coloquei as Falhuas coletadas do lado esquerdo da mesma. Tomei uma delas em minhas mãos e comecei a amaciá-la. Aos poucos a planta começou a liberar uma seiva que eu logo despejei dentro da tigela. Após extrair pude o que fora possível da folha, coloquei-a do lado direito, passando a pegar outra folha ainda cheia de seiva. Logo comecei o mesmo movimento de amaciamento. Esta começou a liberar sua seiva até estar completamente seca. Pus a mesma do lado direito e peguei a terceira folha. Amaciei-a e a mesma, assim como as outras, acabou liberando toda a sua seiva. Em minha tigela já havia o bastante para o objetivo do exercício.

Olhei à minha volta. O tempo passara e, assim como eu, os alunos tentavam domar a Hidran. Alguns se feriam com os espinhos, outros pareciam esperar que a folha liberasse seiva por si só e outros obtiveram sucesso. Eu peguei, de uma estante livre de plantas, um frasco onde fora determinado o armazenamento da seiva. Logo, despejei o líquido dentro do mesmo e etiquetei-o com um pedaço de pergaminho onde se lia: Charles Caestro Morgenst; Sonserina. Devolvendo-o, em seguida, para a prateleira. Por fim, passei a anotar as questões de um exercício de fixação escrito no quadro e comecei a resolvê-lo.

Eu encerrara meu exercício. Logo, guardei a tinta e a pena em minha mochila e enrolei o pergaminho, entregando-o para a professora Palmer. A aula encerrou-se e os alunos foram, aos poucos, se retirando. E eu fiz o mesmo. Nossos horários eram apertados, e os professores, com certeza, não gostavam de esperar.