Poções 1ª aula

Sim... Finalmente minha desprezível vida parecia ter algum sentido. Depois de aulas intermináveis, exercícios complicados e explicações fora do comum, minha aula favorita estava prestes a começar. De fato, esta não era minha melhor matéria, já que possuía uma leve inclinação com transfiguração, mas de longe era a que me dava mais prazer em exercê-la.



- Lúcifer! Trouxe seu almoço. - As pessoas no corujal, certamente, julgavam-me louco. Sim, eu comunicava-me, agora, com uma coruja. Lúcifer, a ave de penas negras, pousara em um poleiro próximo a mim. Parecia faminta. E deveras, depois de ter feito uma entrega rápida para o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, era merecedora de uma boa refeição. Em minhas mãos, uma pequena lata. Eu a abri. Dentro, viam-se dois pequenos camundongos. Mortos, é claro. A ave saltara seus olhos, visando o seu delicioso lanche. - Tome-os. São seus. - Entendi a lata. Logo, a coruja alçou voo e ao passar sobre a lata, estendeu suas garras, tomando as pequenas criaturas. Lucy tornara-se invisível para mim. Talvez ansiasse uma refeição solitária, no alto do corujal.

Eu fechei a lata, enquanto deixava o lar das corujas. Embora ainda restasse certo tempo antes da próxima aula, eu não deveria atrasar-me. Já conhecia bem o quanto as escadarias podiam tornar-se traiçoeiras. Mas foi ao ter em mãos o pedaço de pergaminho, o qual eu utilizara para decifrar meus horários, que descobri. Não seria necessário o uso das escadarias neste período. Minha próxima aula seria nas Masmorras, lar da sala de Poções. Sim, minha matéria favorita já estava bem próxima. Logo, andando pelo Círculo de Pedra, lembrei-me de retornar à Sala Comunal da Sonserina. Lá estavam armazenados todos os meus livros, incluindo o livro de Poções. Sendo assim, parti em direção às masmorras.


Chegara finalmente à sala comunal. Nesta, garotos jogavam xadrez de bruxo, enquanto outros, apreensivos, observavam a partida. Eu tratei de me dirigir imediatamente ao dormitório. Lá, sobre a minha cama, vai-se um livro um tanto surrado, como todos os outros, em sua capa, lia-se: Bebidas e Poções Mágicas. O livro de poções. Tomei-o em minhas mãos, colocando-o dentro da mochila. Em seguida, deixei o dormitório, passando pela sala comunal e me dirigindo à sala de Poções. Eu só não esperava ter meu caminho interrompido novamente, por um trio difícil de aturar.

- Droga! Esse lugar me assusta. - Uma voz familiar vinha de trás de uma curva nos corredores das masmorras. Decidi seguir a voz, já que aquele era o meu caminho. Que lástima. Seria preferível evitá-la, mas já era tarde demais. - Sonserino Ladrão! - Alaric exclamou. Este se tratava um grifino muito estressado. Ao seu lado viam-se Artie e Erika, seres tão desprezíveis quanto Alaric.

- Alaric... - Suspirei. - Eu não quero problemas. Só me deixe em paz.

- Hum... Suponho que desta vez não haja corujas para salvá-lo. - Ele riu.

- Tens certeza de que queres isto mesmo? - Retirei minha varinha das vestes imediatamente. - Pode acabar se arrependendo.

- Hoje não, sonserino. Quem sabe em breve... - O mesmo parecia confiante. Mas eu já vira suas últimas atuações. Era um completo idiota. O mesmo, junto de seus amigos, subiu por entre os corredores das masmorras. Em seguida, continuei meu caminho.


Pouco tempo depois, estava eu postado à frente da sala. Respirei fundo. Minha mente borbulhava de ódio. Grifinos arrogantes? Sonserinos que recuam? Eu não passava da escória que suja o nome da minha casa, assim como Alaric. Contudo, já parecia me conformar com tal fato. Empurrei a porta imediatamente, adentrando-a rompante.

Na sala, viam-se dispostas várias bancadas em série e sobre as mesmas, encontravam-se os caldeirões. Nas laterais, armários onde se armazenavam todos os ingredientes que pudessem ser utilizados. O recinto era extremamente frio, mas eu já estava acostumado com o clima das masmorras. No centro da sala, via-se outro balcão. Lá, encontrava-se uma mulher de aparência jovial, cabelos castanhos e olhares encantadores. Presumi que aquela fosse a professora de Poções.

Sentei-me na bancada da frente, enquanto aguardava a chegada dos outros alunos. Poucos minutos depois, a sala fora preenchida por alunos de todas as casas. E a professora deu início à sua aula.

- Olá meninos sou a professora de Poções Selene, estou aqui para que vocês possam ter mais compreendimento sobre poções, então vamos começar, bom todos abram seus livros, poções não e muito fácil alguns podem ter dificuldades, então que tal começarmos logo a aula, pois eu estou ficando muito chata não é, Leiam o Livro no capítulo das Listas de Poções.

Parecia-me um tanto alegre. Característica a qual eu desprezava tanto. Mas sua paixão pela arte do preparo de Poções a salvava. Eu abri minha mochila, pondo sobre a bancada o livro de poções. Logo, iniciei a leitura do capítulo. Por vezes, perdia a noção de tempo-espaço, lendo informações sobre as fascinantes poções. Terminara a leitura. Logo, fechei meu livro e voltei meu olhar para o quadro negro, nos fundos da sala. Neste, havia alguns exercícios para fixação da matéria.

Da minha mochila, retirei tinta, pena e pergaminho. Logo, passei a transcrever o exercício. No quadro, notei a ênfase na palavra "Suas". Foi então que percebi que o que importava para a professora Moonlight era a interpretação correta das poções. Por fim, passei a resolver o exercício.

Alguns minutos depois, eu tinha em mãos todo o exercício resolvido. Guardei meus objetos na mochila, e coloquei o pergaminho sobre o balcão da professora, deixando a sala em seguida. Uma ótima aula, julgara eu. Nunca me divertira tanto em resolver um exercício. Contudo, ansiava pela prática. Quando poderíamos, finalmente, usar nossos caldeirões?

Esta fora a última aula do dia, por isso parti diretamente para as margens do Lago Negro. Neste, era rara a presença de alunos. Motivo pelo qual me parecia tão agradável perder minhas tardes naquele lugar. Sentei-me encostando meu dorso no tronco de um carvalho. Meu olhar fitou o imenso e, aparentemente, infindo lago. No horizonte, o sol brilhava majestoso. No céu, ao longe, uma ave sobrevoava o lago de um lado a outro. Mas nada disso parecia fazer sentido para mim. A mente pregava-me peças, e esta já havia tomado conta de meu corpo, fazendo-me viajar em devaneios...